Um ano… Um parêntesis na minha vida. Parêntesis porque o que quer que se escrevesse aqui (Emirados Árabes Unidos) teria um início previsto [ ( ] e um final anunciado [ ) ].
Em retrospectiva, ficam vários momentos congelados num mar de esquecimento em que consiste a nossa vida, onde é mais o que queremos lembrar do que o que lembramos efectivamente. Na memória colectiva da família que improvisámos, fica uma miríade de frases, fotos, gargalhadas, provas de amizade que ajudam a criar os laços a que me vou agarrar quando, daqui por uns tempos, estiver a contar as aventuras e desventuras arábicas.
A família, ou o apelido, não se escolhe, ao contrário dos amigos… Entre todo o muito que aprendi nesta estadia, está o facto de ser possível fazer de um grande grupo de colegas, um forte núcleo de amigos que, automaticamente – e tão naturalmente que mais depressa me apercebi de coração que de cabeça – passou para o patamar de família, entenda-se “fámílííá!” dito com um sotaque africano carregado q.b.
E numa imagem, tento resumir o mosaico de milhentas outras (algumas terei a oportunidade de mostrar ao mundo com um tempo de antena mais digno desse nome). As gotas – umas (muitas) doces de gargalhadas, outras salgadas de suor e lágrimas – começam na tal data inicial (o primeiro parêntese), seguem lado a lado, pessoa a pessoa, mano a mano, memória a memória, gota a gota até chegar ao fim da experiência (o segundo parêntese) e seguir cada um o seu caminho, mas tendo omnipresente tudo o que partilhámos, construímos e aprendemos juntos.
Acho que para além de nós mesmos [Falcões da Jumeirah], conseguimos incutir em muitas das pessoas com quem nos cruzámos um embrião do cheiro a maresia portuguesa que se resume na palavra:
SAUDADE…
Publicado em [28] "Gotas de memória congeladas na corrente do esquecimento"
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